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António Torrado (A Parede com Ouvidos) (Da Seleção de Contos Infantis) Era uma vez uma parede que tinha ouvidos. Nada de estranhar. Há gente que se pela por contar segredos, próprios ou alheios, sem ligar ao aviso dos mais prudentes: “Cuidado que as paredes têm ouvidos”. Alguma vez acabaria por ser verdade. Esta tinha ouvidos e até olhos, calculem. Só lhe faltava a boca e, já agora, o nariz. Espessa e toda fechada, sem portas nem janelas, acumulava o que via e ouvia no cerrado dela mesma, no mais dentro das pedras e do cimento de que era feita. – É uma parede fixe – diziam as pessoas, espalmando as mãos na parede que, já se vê, não dava de si. Até que um dia, houve uma festa na aldeia, festa a valer, com foguetório, música na praça, artistas vindos de fora e bailarico até altas horas. Um dos alto-falantes da instalação sonora foi aplicado à parede que tinha ouvidos. A meio da musicata, ouviu-se uma voz dizer em segredo, mas de modo qu