A Quase Morte de Zé Malandro - Ricardo Azevedo
Zé Malandro era boa pessoa, mas malandro que nem ele só. Em vez de trabalhar como todo mundo, preferia passar a vida zanzando e jogando baralho. Ou então ficava deitado na rede, folgado, tocando viola de papo para o ar. Por causa disso era pobre, pobre, pobre. Certo dia, estava em casa preparando o jantar, um pouquinho de feijão e um pedaço de pão seco, quando bateram na porta. Era um viajante. O homem, muito velho, pedia um pouco de comida. — Entre aí — disse Zé Malandro. — Onde um quase não come, dois quase não vão comer também. Os dois riram. Após o jantar, o viajante agradeceu muito e contou que tinha poderes mágicos. — Você foi muito generoso repartindo a comida comigo — disse o velho viajante. — Em retribuição pode me fazer quatro pedidos. Por exemplo — sugeriu ele —, se quiser, pode pedir para ser protegido pelo resto da vida. — Concedido — disse o velho. — Por exemplo, se quiser, pode pedir perdão para todos os seus pecados. Zé Malandro pensou e di