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Mostrando postagens de abril, 2018

A Quase Morte de Zé Malandro - Ricardo Azevedo

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Zé Malandro era boa pessoa, mas malandro que nem ele só. Em vez de trabalhar como todo mundo, preferia passar a vida zanzando e jogando baralho. Ou então ficava deitado na rede, folgado, tocando viola de papo para o ar. Por causa disso era pobre, pobre, pobre.  Certo dia, estava em casa preparando o jantar, um pouquinho de feijão e um pedaço de pão seco, quando bateram na porta. Era um viajante. O homem, muito velho, pedia um pouco de comida.  — Entre aí — disse Zé Malandro. — Onde um quase não come, dois quase não vão comer também.  Os dois riram.  Após o jantar, o viajante agradeceu muito e contou que tinha poderes mágicos.  — Você foi muito generoso repartindo a comida comigo  — disse o velho viajante. — Em retribuição pode me fazer quatro pedidos. Por exemplo — sugeriu ele —, se quiser,  pode pedir para ser protegido pelo resto da vida.  — Concedido — disse o velho. — Por exemplo, se quiser, pode pedir perdão para todos os seus pecados.  Zé Malandro pensou e di

O Gambá e o Jarro de Leite - Ricardo Azevedo

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O gambá vivia escondido num buraco em cima de uma árvore. Toda noite, depois que o fazendeiro ia dormir, o danado saía da toca e desandava a fazer coisa errada. Roubava e comia as frutas do pomar. Entrava na cozinha e bebia cachaça. Brigava com o gato. Arrombava a porta do galinheiro, chupava os ovos e ainda matava um monte de galinhas. Um dia, o gambá encontrou um jarro cheio de leite e logo teve uma ideia . Mandou fazer um paletó, botou o jarro na cabeça e foi embora para a cidade. “Vou trocar o jarro por duas dúzias de ovos”, pensou o gambá. “Dos ovos vão nascer vinte e quatro pintinhos. Os pintinhos vão crescer e virar vinte e quatro frangos. Vou vender meus frangos e com o dinheiro compro um boi e três vacas.” O gambá sorria andando pela estrada de terra com o garrafão no alto da cabeça. “Do boi e das três vacas vão nascer muitos e lindos bezerrinhos. Vou criar os bezerros para vender e depois comprar mais bois e mais vacas. Quando a minha criação de gado fica

Dia do Livro Infantil - Monteiro Lobato (Por: Ricardo Ampudia)

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"Quem me conhece já sabe... O Primeiro Livro que li foi do Monteiro Lobato." No dia de seu aniversário, 18 de abril, comemora-se o Dia Nacional do Livro Infantil. Apenas uma mostra da importância da obra e da criatividade de um dos maiores gênios da literatura brasileira. Nenhum autor é tão representativo da literatura infantil brasileira do século 20 quanto Monteiro Lobato. Seu primeiro livro para crianças,  A Menina do Narizinho Arrebitado , foi publicado em 1920 e, desde então, sua fantasia já atravessou décadas e segue para a terceira geração de leitores, em várias re-edições e até adaptações para a televisão, do mundo hiperrealístico do Sítio do Pica-pau Amarelo. Nesse lugar fantástico acontecem as aventuras de Narizinho e Pedrinho na companhia de Visconde de Sabugosa, um sabugo de milho que era um sábio, Emília, uma boneca de pano falante, Quindim, um rinoceronte domesticado e Rabicó, um porco com título de marquês. Tudo sob a tutela de uma ama negra super

As Cocadas - Cora Coralina

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Eu devia ter nesse tempo dez anos. Era menina prestimosa e trabalhadeira à moda do tempo.Tinha ajudado a fazer aquela cocada. Tinha areado o tacho de cobre e ralado o coco. Acompanhei rente à fornalha todo o serviço, desde a escumação da calda até a apuração do ponto.  Vi quando foi batida e estendida na tábua, vi quando foi cortada em losangos. Saiu uma cocada morena, de ponto brando atravessada de paus de canela cheirosa. O coco era gordo, carnudo e leitoso, o doce ficou excelente.  Minha prima me deu duas cocadas e guardou tudo mais numa terrina grande, funda e de tampa pesada. Botou no alto da prateleira. Duas cocadas só...  Eu esperava quatro e comeria de uma assentada oito, dez, mesmo.  Dias seguidos namorei aquela terrina, inacessível. De noite, sonhava com as cocadas. De dia as cocadas dançavam pequenas piruetas na minha frente.  Sempre eu estava por ali perto, ajudando nas quitandas, esperando, aguando e de olho na terrina. Batia os ovos, segurava gamela, untava as

Até as Princesas soltam Pum - Ilan Brenman

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A economia de Maria - Telma Guimarães Castro Andrade

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A Velhinha Contrabandista - Sergio Porto

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Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava na fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha. Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela: - Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco? A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu: - É areia! Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás. Mas o fiscal ficou desconfia

Rua do Gato que Pesca - Maria Angela Resende

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É uma rua estreita, mas tão estreita, que a gente, abrindo os braços, encosta a palma das mãos nos muros da frente das casa à direita e à esquerda ao mesmo tempo. De um lado, ela começa num morro, onde se podem ver muitas crianças, animais domésticos, bananeiras, mangueiras. Do outro lado, ela termina no rio que banha a cidade e que ocorre sem pressa: suas águas limpas e azuladas nem fazem barulho. A rua é calçada com pedras, lisas e brilhantes de tanto as pessoas passarem. E todas as tardes, naquela hora em que o sol vai se escondendo, do morro desce vagarosamente um gato. Com vara de anzol e latinha de iscas, ele segue tranquilo pela rua, acomoda-se na beira do rio e pesca... Coleção Histórias de Ruas - Maria Angela Resende (pág. 6)